quinta-feira, 20 de abril de 2017

ESPELHOS

Quando se é pai/mãe de primeira viagem tudo é uma grande aventura. Por mais que as pessoas tentem te preparar, é na necessidade que você aprende como deve agir. e se determinada atitude está correta ou não. Muitas vezes, os pais dizem uma coisa, mas fazem outra e reclamam quando o filho tem o mesmo hábito. E alguns começam a perceber que seus filhos não aprendem só pela oralidade, mas sim pelos exemplos, ou seja, aprendem se espelhando nas atitudes das pessoas que elas confiam e admiram, além de se identificar com elas.

Em cada fase da vida de uma pessoa, existem vários tipos de espelhos. Quando se é criança os espelhos normalmente são os pais, mas as vezes são até os brinquedos. É através do lúdico que as crianças desenvolvem sua personalidade e seus sonhos. Os brinquedos ajudam elas a serem quem elas quiserem, mas também é importante elas conseguirem identificar suas particularidades nos brinquedos. Como no caso da GABRIELA, que ganhou uma Barbie num lindo vestido e que, assim como ela, se locomove de cadeira de rodas.



Em outras situações, o espelhado se torna o espelho, por exemplo, quando se tem uma deficiência adquirida, uma criança com deficiência de nascença pode ser um grande motivador. Nesses momentos, GABRIELA naturalmente dá show, mostrando toda a sua alegria, sua sede de experiências novas e sua destreza ao sorrir e iluminar outros iguais a ela, sem nenhuma pretensão de ser espelho, mas parece ser inevitável. Já vi outros PCDs mudarem seu comportamento e, na minha humilde opinião, isso aconteceu depois de conhecer a GABRIELA. A chamada fase do "LUTO" que os novos PCDs passam se torna aparentemente mais curta, pois percebem que é sim possível encarar a nova condição com um sorriso no rosto e o protagonismo que é necessário.

Esse é mais uma das VITÓRIAS INESPERADAS que sou brindado ao ser o pai da Gabriela.

domingo, 25 de setembro de 2016

LEGADO

Num vilarejo vizinho, os sábios começaram a reunir as pessoas para contar e cantar seus feitos. Apesar de recente, os encontros estavam ficando conhecidos, e pessoas de outros vilarejos começaram a frequentar.

Uma menina de outro vilarejo já tinha tomado conhecimento desses encontros, e até já tinha ido algumas vezes ouvir os sábios. Seus pais, por sua vez, já tinham um profundo conhecimento sobre os feitos dos mestres e costumavam mostrar pra ela os registros disso, então a menina demonstrava um amor por aquelas obras e feitos mas antes desses encontros, ela nunca tinha visto eles com os próprios olhos. 

Num determinado encontro, a menina se viu diante dos sábios que, de repente, perceberam o surpreendente domínio demonstrado por ela em relação a algumas de suas obras. Os sábios se emocionaram quando ela repetia em detalhes os seus feitos, a ponto de fazer seus olhos brilharem intensamente. As pessoas também se emocionaram, tamanha era a beleza daquele momento, onde uma pequena luz conseguiu iluminar os que tem por vocação iluminarem os outros.

Agora apresentando os dados dessa história. O local é o tradicional BAR DO ALEXANDRE, no seu também já tradicional evento MÚSICA NA CALÇADA, todas as sextas, das 19:30 até as 22:00. Os grandes sábios eram LUIS HENRIQUE "TCHE" GOMES, KING JIM e FÁBIO LY (MUSKLINHO pros mais antigos). A canja dos grande PAULO MELLO, autor da grande FAZÊ UM BOLO, do TARANATIRIÇA. Ele chegou a dar o microfone durante a música para que as pessoas ouvissem GABRIELA cantando.

Essa é uma GRANDE LEMBRANÇA do dia que o Rock Gaúcho conheceu a Gabriela.

sábado, 17 de setembro de 2016

CIRCUITO DE ATIVIDADES

Faz muito tempo que não passo por aqui, não é? Não é que eu não tenha inspiração, até porque o sorriso de GABRIELA é uma eterna inspiração. Mas achava que não haviam boas histórias pra contar. Pois hoje uma apareceu.

Para quem não sabe, atualmente GABRIELA está curtindo e assistindo um novo canal de tv por assinatura, e essa semana ela pediu pra ir num circuito de atividades em um shopping daqui de Porto Alegre, que era baseada em um desenho desse canal. Na hora, o meu outro anjinho da guarda, o principal é a própria GABRIELA, foi me preparando, para que eu soubesse como reagir diante de uma adversidade. E dito e feito, chegamos lá e não tinha nenhuma atividade para crianças cadeirantes. Na hora, meu coração apertou, deu vontade de chorar, por saber que aquela ideia não foi pensada para crianças como Gabriela, que ninguém pensou "poxa, e se tiver uma criança com dificuldade de locomoção? Como brincar com ela?". Saí, fui dar uma volta e deixei GABRIELA com Letícia desenhando, na área das crianças menores de 4 anos (a atividade era destinada para crianças entre 4 e 12 anos).

Quando voltei, GABRIELA ainda estava desenhando. Eu e a Letícia concordamos que não tinha como GABRIELA participar do circuito. Pois não é que GABRIELA se vira de costas e vê um "palco", com os três personagens do desenho formando uma banda e um microfone. Lá fui eu pegar a trilha de abertura no YOUTUBE e dar pra ela cantar no microfone. Ela brincou, cantou, chamou a atenção das pessoas e nem se lembrou do circuito. Fizemos um lanche e ficamos mais umas duas horas no shopping, evitando passar pela área aonde tinham os brinquedos.

De minha parte, mais uma vez, eu só tenho a agradecer pela resiliência de GABRIELA, e pedir que as pessoas olhem um pouco para crianças como ela, elas também gostam e precisam brincar.

Esta é mais uma das AGRURAS QUE VIRAM DOÇURAS de ser o pai da Gabriela.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

UM NOVO SORRISO

Às vezes, eu mesmo me surpreendo com GABRIELA. A correria do dia a dia de pai dessa linda moça me faz esquecer o quanto ela é resiliente. 

Um exemplo disso é que desde o Natal, o primeiro dente permanente dela quer trocar de lugar com os atuais dentes de leite. Algo perfeitamente natural, certo? Nem sempre, quando se trata de GABRIELA. Pois os novos dentinhos resolveram nascer sem os outros terem caído, nos restando apenas a alternativa de extraí-los. Pra ajudar, a dentista da moça saiu de licença maternidade, nos deixando sem indicação de substitutos. Começou uma busca por uma indicação que tivesse procedência mas sem resultado favorável algum. Como a minha esposa  tinha consulta no último sábado (dia 23 de janeiro), acabou marcando mais um horário para a sua dentista olhar GABRIELA. Após uma certa resistência, foi examinada e fomos ainda fazer um raio-X, o que também foi muito difícil, sendo convencida depois de muita negociação para fazer as "fotos". O resultado do exame apenas comprovou o que eu e minha esposa já tínhamos enxergado, seria necessário extrair os 2 dentes da frente. E agora? GABRIELA sequer admite sentar na cadeira do consultório, tem que extrair 2 dentes? Como faremos isso?

Como o que não tem solução, solucionado está, acabamos marcando uma consulta para a especialista da própria clinica para hoje, dia 25 de janeiro, e resolver logo o problema. E como os anjinhos da guarda dela sempre são incansáveis, conseguimos uma profissional que é um doce, já foi encontrar GABRIELA no cantinho de brinquedos da clínica, onde ela quebrou o gelo. Depois fomos para o consultório onde ela confirmou a extração e perguntou se a gente queria fazer hoje ou prepará-la em casa e voltar outro dia. Eu e a minha esposa nos olhamos e concordamos que seria muito pior voltar depois. Começamos então um processo de negociação, com direito a não usar a cadeira do consultório, dois anestésicos para não haver dor alguma e algum choro e ansiedade durante a extração dos 2 dentes. Mas nenhum trauma e muito carinho, e tudo feito na sua habitual companheira de muitas batalhas, a cadeira de rodas. 


Depois disso, ganhou um estojo para guardar os dentes,  tirou uma soneca que a ajudou a não sentir tantos os efeitos da anestesia. Agora ela já conta bem feliz que tirou os 2 dentes pra todos que vê e com um novo sorriso, um sorriso de janelinha, mas com o novo dente já visível, pronto pra ser naturalmente empurrado para o seu devido lugar.




Essa é mais uma GRANDE VITÓRIA da sempre guerreira Gabriela.

domingo, 20 de dezembro de 2015

DECEPÇÃO

Hoje, depois de praticamente um mês planejando ir na primeira praça com um, e eu disse apenas um, brinquedo adaptado para uma criança cadeirante, em vez de ser só felicidade, a alegria virou decepção. Este era o brinquedo no dia que descobrimos ele, dia 25/11/2015.



Agora, 25 dias depois a corrente de aço que segura o portão/rampa para acessar o brinquedo já está estragada, com elos torcidos que fazem com que a rampa não toque o chão, formando um degrau. Como GABRIELA tem pânico de degrau, acabou com a diversão dela e, devido a esse medo, ela começou a chorar. 

No primeiro momento, a raiva e a frustração me deixaram com vontade brigar com o mundo, inclusive com GABRIELA, mas ela não tem culpa e nem controle sobre o medo que sente dos degraus que viram obstáculos para sua autonomia.

Depois eu me acalmei, mas veio aquele misto de tristeza com desapontamento de um pai cujos desejos em relação ao filho é que ele tenha as mesmas oportunidades dos outros. Apesar da placa dizer exclusivo para cadeirantes, era uma maneira de incluir para que as crianças interajam, andantes e "rodantes". Mas não, a falta de educação e o senso coletivo das pessoas já estragou o brinquedo, e sei que isso aconteceu porque quando chegamos lá, outras crianças brincavam perigosa e imprudentemente com o brinquedo, chegando ao ponto de uma delas bater com nariz no banco e depois com a nuca no ferro de proteção no assoalho do balanço. Eles recolheram o menino, levaram para o responsável e voltaram a brincar "violentamente" com o brinquedo.

Quando será que a prefeitura irá "consertar" o brinquedo? E quanto tempo durará até que tenha que passar por um novo conserto? Não existe ninguém para cuidar das praças? Sim, eu peço simplesmente que cuidem das praças, pois tenho certeza que para educar as pessoas, não há vontade política para isso. Não formamos mais cidadãos coletivos, estamos correndo para a selvageria e o individualismo. Precisamos tomar uma atitude mais coletiva e sair do mundo do nosso umbigo.

Enfim, essa foi uma GRANDE DERROTA do pai da Gabriela.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

MUITO ALÉM DESSE MUNDO

Aos 48 do segundo tempo, quero homenagear 3 das coisas importantes na minha vida: O meu pai, a GABRIELA, é claro, e o inter. Esse é um texto de um colorado chamado Luis Felipe dos Santos, mas ele fala de torcedor para torcedor, sem rivalidade, apenas respeito e amor ao futebol e uma relação de pai e filho. Originalmente, ele foi publicado no FINAL SPORTS, em 17/12/2007. O título original do texto é o título da postagem.

Este relato sobre o mundial de 2006 não quer entrar para as antologias. É um relato estritamente pessoal. É sobre como eu vi este jogo com o meu pai.

Meu pai, seu Gilberto, sempre foi fã do grande futebol; por consequência, de Ronaldinho. Isso desde que ele surgiu no Grêmio. Meu pai sempre foi colorado de quatro costados, contava para todo mundo como assistiu todo o campeonato de 1961 (aquele, de Gilberto Andrade e Sapiranga, lembra?) no estádio dos Eucaliptos. Das finais memoráveis que viu no Beira-Rio, a década de 70 inteira, por exemplo. Só que, como amante do jogo bonito, também admirava os craques do Grêmio. Na época, é preciso que se diga, a rivalidade não era essa idiotice de hoje, onde o recalque aparece a olhos vistos: os colorados iam ao Olímpico para ver Aírton, os gremistas apareciam no Beira-Rio para admirar Falcão.

Eu, que já nasci em um tempo de rivalidade idiota, não suportava Ronaldinho. Corneteava a promessa negra gremista com ferocidade, sentado no sofá da sala. Cada cobrança de falta em GreNal era uma agulha a mais no seu vodu. Cada elogio da imprensa do sudeste era uma gota de saliva espumando da minha boca. Cada drible, cada gol, apertava um pouco mais aquele já condoído coração adolescente colorado.

Discutia de forma violenta, feroz, contra Ronaldinho. Não o perdoei nem quando foi para o PSG, deixando os cofres tricolores às moscas. Comecei a ser um pouco mais indulgente quando ele ajudou a conquistar a Copa de 2002. Meu pai continuava com a sua admiração, e zombava da minha raiva de outrora. "Viu? É ou não é um grande jogador de futebol?" sorria, entre um copo decerveja e outro, ao lado da cadeira de balanço.

Pois chegou o Mundial, e o adversário era o Barcelona de Ronaldinho. "Agora esse safado vai ver", eu dizia. O pai lembrava de todas as sacanagens que ele aprontou com os tricolores, mas não adiantava. Era uma bronca pessoal, minha com ele. Ele tinha que engolir as bolas que meteu na rede de Hiran, os chapéus que deu em Dunga, o drible com a mão que deu em Fernando Cardozo. Seu Gilberto, admirador do grande futebol que era, previa que não tínhamos a menor chance. Sempre deixava, porém, uma esperança: "Se até Jurandir marcou Falcão, por que Ceará não pode marcá-lo?" pensava.

Sentado na cadeira de balanço, dedicava o segundo semestre de 2006 a cornetear os atletas colorados. "E esse Edinho! Não sabe dar um passe. E depois a gente quer ganhar do Barcelona", esbravejava. Reclamava também com a falta de contratações: de grande jogador, só um volante, e ainda por cima colombiano. "Saiu aquele guri, o Sobis, e agora? Não temos mais ataque!" Depois surgiram as especulações de que um grande jogador estava surgindo no Beira-Rio. Nas conversas informais em casa, o meu irmão, que é preparador físico do juvenil, dizia que o guri realmente era muito bom de bola. Seu Gilberto só coçava o bigode. "É, mas já tão enchendo muito a bola desse guri. Ele renovou contrato e já apareceu na capa do jornal! Vinte milhões dedólares!"

Isso até o momento em que o guri foi colocado para jogar. No primeiro minuto, um gol. No segundo lance, uma assistência. Os gols foram surgindo, os dribles aparecendo, e seu Gilberto se empolgava na cadeira de balanço, quase quebrando as molas. "Mas esse guri....é MUI-TO-BOM mesmo, hein?" me cutucava. "Ele me parece aquele centroavante que tinha, o Van Basten! Olha ali! Mesmo porte, magrão, alto...é muita qualidade, deusolivre. Quando esse guri dominou pela primeira vez eu já vi que é craque."

Alexandre Pato nos deu uma centelha de empolgação para o Mundial. Quer dizer, mais para ele do que para mim. Eu continuava acreditando que perder por 1x0 era vitória. Sim, eu estava completamente cético, para não dizer apavorado. Sim, eu achava meio insano dar a camisa 11 para um piá com um jogo de profissional. Contra essa corrente de pessimismo, estava a minha mãe, que sempre disse: "Não adianta, Felipe, esse mundial é nosso". Não adiantava falar pra ela de Ronaldinho, de Deco, de seja quem for. Ela estava convencida que era a nossa vez e ponto final. Algo além do racional, do tangível.

Antes do jogo contra o Al-Ahly, fui dormir às 3 da manhã. Pedi para meu pai me acordar às sete. Podre, só acordei com o grito dele no primeiro gol do Pato. Recebi uma reprimenda, claro. Depois daquele sofrimento, saímos os dois pra rua a celebrar a final e abrimos uma cerveja. Meu pai estava fazendo tratamento para o câncer. A mãe chegou ao meio-dia. "Mas Gilberto, bebendo cerveja essa hora? E os remédios?" "Pô, Lena, duas latinhas..."

E que dias foram aqueles até domingo. No dia seguinte, ele convidou o nosso vizinho gremista, seu Anoir, para ver a partida entre Barça e América. Seu Anoir era parceiro do meu pai em todos os jogos pela TV, por também ser fã do grande futebol. E viram os 4 a 0, o show de Ronaldinho e de toda a esquadra azul-grená. Que surra. Eu na casa da namorada, cheguei só ao meio-dia. O pai chegou para mim no almoço: "Aqui ó...não tem chance". E a mãe: "Sem essa de não tem chance. Tem que pensar positivo! Vai dar, não adianta, mas se a gente ficar pensando negativo, pode tudo dar errado!". A mãe seguia acreditando que estava escrito nas estrelas. Eu estava com meu pai. Só um milagre.

A minha descrença era tanta que eu passei um dia 16 tranqüilo. O medo, o pavor, o pânico, só veio à noite, mais uma vez em claro. Meu pai, com alguma dificuldade para dormir por conta dealgumas conseqüências da quimioterapia, virou junto comigo. Eu ficava entre o computador e a TV. Ele ficava entre a TV e o rádio. Volta e meia a gente se olhava. As íris brilhantes de excitação e o queixo um pouco trêmulo, de medo. "Será que vai dar?", perguntei lá pelas quatro da manhã. "Não sei por que, Felipe. Mas agora fiquei com a impressão de que vai dar."

Às sete da manhã, sol nascido, meu irmão André liga de sua casa, para falar com o Giba antes da grande jornada.. A voz era embriagada e o cheiro da carne assada dava para se sentir do outro lado da linha. Quase choraram ambos no telefone. Paulo desceu da sua casa com uma batida de banana e um enorme sanduíche. Depois chegou a Luiza, com cara de sono. A mãe pediu para não ser acordada. O pai disse: "Vou comprar cerveja em algum boteco". "Mas tem em casa!" "Eu sei", e saiu pelo portão.

Começa a tal da decisão. Eu engulo em seco um gole de saliva que imediatamente me arrepia os pêlos da mão, a espinha, e trava o meu esôfago, impedindo até mesmo a primeira bicada no copo dourado com colarinho branco. Olho para a TV. "Já pensou, pai?" "O quê?" "Tu que viu Gilberto Andrade e Sapiranga, quando esperava ver o Inter decidindo o mundo?". "É mesmo", me diz o seu Gilberto. Com a sua careca, o seu bigode, o seu corpo combalido pela quimioterapia e o olhar sagaz que sempre teve. Esse é meu pai.

Esse era meu pai.

Na verdade, seu Gilberto não viu a final contra o Barcelona, pelo menos não neste plano. Ele morreu de câncer em 9 de fevereiro de 2004. Viu o jogo da arquibancada mais alta, aquela que fica entre as nuvens.

Só que cada vez que eu lembro daquela manhã de dezembro, é como se estivesse vendo o jogo abraçado nele. Nunca vimos um jogo abraçados. Talvez aquele fosse o primeiro de todos. Posso ver os seus olhos secadores na falta de Ronaldinho. Posso engolir junto com ele um gole de cerveja cheio daquela saliva seca e tensa, depois que Fernandão saiu de campo. Posso ouvir ele gritando "TÁ PRONTO!" no gol de Gabiru. Posso sentir o seu beijo, com o bigode, depois do apito final. Posso ver a mãe reprimindo mais uma latinha aberta, talvez um minuto a menos no relógio da sua vida. Posso imaginar como seriam os seus cabelos esvoaçando no carro, em direção à Goethe, e as mãos frenéticas apertando a buzina como se ela tivesse obrigação de tocar sem parar enquanto o Inter fosse o maior time do mundo.

Meu pai não estava do meu lado, mas eu vi o jogo ao lado dele.

Assim como todos os grandes colorados que se foram antes de Gabiru. Acreditem, eles estavam ali. Compartilhando da mesma alegria, levantando a mesma taça, pulando no mesmo asfalto.

O título era desta Terra, mas a euforia estava muito além deste mundo.

Pai, muito obrigado pelo dia 17 de dezembro de 2006.

Pra completar, dois vídeos, a apresentação do gol do mundial na festa de reinauguração do Beira-Rio e a melhor narração do gol que me emocionou e sempre me emocionará



Ao meu pai, obrigado por ter me feito colorado e que eu passasse esse amor também para GABRIELA.

Está é uma DECLARAÇÃO DE AMOR do Pai da Gabriela.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

SORRISOS DE PRESENTE



No aniversário de Gabriela, quero compartilhar com quem me dá a honra de ser lido algumas pequenas alegrias da imensa felicidade que é ser pai da Gabriela.

Há exatos 5 anos, eu sequer imaginava o tipo de pai que iria me tornar naquela manhã de outubro, mas eu precisava ser forte, por mim, por Letícia e por Gabriela.

Naquele dia, acordamos muito cedo e, apesar de toda fé e amor em nossos corações, não tínhamos noção do tamanho da tarefa que teríamos pela frente. Na foto, é nítido o nervosismo pré-parto da Letícia.



De minha parte, assim como todo pai sonha com ter pela primeira vez o filho em seus braços. eu não seria diferente e, apesar orientação da obstetra de que isso seria impossível naquele momento, o meu lado emocional nutria esperanças. É claro que isso não aconteceu, mas pela necessidade da situação eu não tinha direito de reclamar, mas estava frustrado, e esse sentimento ficou presente por 15 dias, até que tive a grande surpresa, proporcionado pela necessidade de higiene do berço aquecido da Gabriela, conforme é nitidamente notado na foto.



Naquele momento, eu fiz uma promessa a mim mesmo que eu viveria intensamente para manter o sorriso em meu rosto, e sabia que a única forma disso acontecer era buscar a manutenção do sorriso no rosto da Gabriela.
A partir dessa premissa, no aniversário de 5 anos dela, eu quero compartilhar com quem estiver lendo este texto alguns dos melhores sorrisos de Gabriela. Que eles iluminem um pouquinho o dia de vocês como inundaram minha vida de felicidade.














Esse é o MAIOR PRAZER de ser pai Gabriela